À frente havia uma pedra e ao lado um cervo morto, ela poderia seguir em frente, e ignorar a imagem, mas preferiu cutucar as feridas do bicho, a idéia era tentadora. Então o fez.
Mas depois aquela diversão ficou chata, largou a vareta com a qual cutucava o pobre animal e prosseguiu. Enquanto a noite vinha o frio a abraçava, e era o único afeto que ela teria ao longo daqueles dias. Subiu em uma árvore e adormeceu entre galhos e folhas.
Na manhã seguinte voltou ao seu caminho. Mas a grande pergunta era: pra onde esse caminho ia levá-la? Ela não saberia responder.
Dessa vez ela achou um pé de amora, muito mais agradável do que um bicho em decomposição e fétido. Aquela árvore era um tanto nostálgica, lembrara de seus tempos de criança, quando vivia manchando suas roupas ao brincar com o pé de amora que havia atrás de sua casa. Saciou sua fome e seguiu em frente.
Em poucas horas de caminhada achou um pequeno povoado, sem hesitar, desviou seu caminho pelas florestas, não era por acaso que estava sozinha, não queria companhia, as pessoas sempre foram más, possuem um espírito bom, mas a parte humana faz com que se tornem fracos e suscetíveis aos prazeres e egoísmos terrenos. Havia se cansado de tanta dor que todos já tinham feito ela sofrer. Era rara, uma das poucas que tem a alma forte e quase nunca deixa a parte humana vencer.
No dia em que perdeu a confiança em tudo, arrumou sua mochila com algumas frutas, duas blusas, uma calça, e foi embora. Caminhar sozinha era melhor do que ter companhia e se desapontar sempre. Se sentem a sua falta, ela não sabe, mas ela não sente mais falta de ninguém.
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