Naquela noite voltou para casa mais tarde, ficou esperando o tempo passar bebendo sozinho. Não queria encarar a realidade.
Abriu a porta da sala e acendeu a luz da sala, suspirou, olhou para o rádio e o ligou, botou no último volume.
Resolveu tomar um banho para esfriar a cabeça, então foi até a área, pegou uma muda de roupa que estava pendurada na corda e se trancou no banheiro.
Após um longo banho, foi comer algo enquanto ouvia os recados da secretária eletrônica. Entre os recados que ele mesmo havia mandado para lembrar-se de ir ao correio e ao mercado no caminho do trabalho, havia uma voz fina de mulher. Mas ele não quis ouvir, apagou na mesma hora.
Após fazer hora andando entre a cozinha e a sala, parou em frente à porta do quarto, não sabia se era hoje o dia em encararia a realidade dura que havia vivido duas semanas atrás.
Sentou na poltrona da sala que avistava a tal porta tão temida e acendeu seu charuto, abriu o vinho, tomou praticamente toda a garrafa. E foi assim que encontrou coragem para abrir a maldita porta.
Entrando no quarto, a cama ainda estava desfeita e havia uma camisola jogada no chão. Olhou firmemente aquela cena e fechou os olhos com toda a força que podia. As imagens da mulher que ele amou durante dez anos entrelaçada nos braços de outro, e seu gemido tão doce que há anos ele não a fazia soltar gritavam em sua cabeça. Caiu no chão e chorou como se fosse a única coisa que restava fazer da sua vida.
Algumas horas depois se levantou e foi até a garagem, pegou uma garrafa de querosene, foi até a sala e pegou o isqueiro que havia ganhado da sua esposa quando completaram cinco anos de casamento e logo depois voltou ao quarto.
Embebedou a camisola e os lençóis com aquele líquido inflamável enquanto gritava “Vagabunda!”, acendeu o isqueiro e jogou sobre a cama. Voltou para a sala e, novamente, sentou na poltrona, encheu a taça co o resto do vinho que sobrara e assistiu o seu passado pegar fogo. Acabou pegando no sono, devido a fumaça, e morreu que nem seu passado: queimado.
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